Monday, May 30, 2011

Call Of Duty Black Ops




Olá, amigos da Internet. Depois de vagar por aí como se estivesse meditando num deserto, mas sem meditar de verdade e passando os olhos por sites desprovidos de utilidade e de qualquer aspecto causador de interesse, encontrei um texto que me inspirou a voltar a escrever aqui neste blog. Um texto maravilhoso do site do motim sobre Black Ops, jogo da série Call of Duty conhecida no Brasil como “Call o Dãtchi” (O Chamado do Holandês).

Outro dia, descobri uma coisa muito curiosa. Meu modo de entrar no jogo sempre foi apertar start até aparecer a tela do multiplayer, mas eu descobri por acidente que existe um outro modo em que você não precisa estar conectado. Eu sei que parece difícil de acreditar, mas você pode fazer a prova com qualquer cópia do jogo. Há um modo em que você joga contra outros bonecos que, aparentemente, não estão sendo controlados por outras pessoas, mas sim pelo computador, como costumava ser com os videogames antigos. É engraçado como a experiência muda. Os adversários não ficam escondidos com minas plantadas perto para atirar em quem se atreve a sair para o jogo e correr riscos. Eles simplesmente saem da moita toda hora, é incrível!

Além disto, havia uma história sendo contada, com filminhos entre um mapa e outro em que alguns personagens apareciam falando em inglês americano, ou imitando um sotaque que era para ser russo.

As roupas que cada um dos times usavam, bem como os mapas tinham uma razão de ser. A história se passa na Guerra Fria. Você era um cara americano com uma identidade, um tal de Mason que fica o tempo todo sentado numa cadeira amarrado e sendo interrogado por uns caras que não mostram o rosto. E eles perguntam algumas coisas sobre sua experiência, então você vai se lembrando e a campanha é nesse flashback. Mesmo na lembrança você vai morrendo e dando continue. Acho que também aparece uma mulher e fuma um cigarro e fala umas coisas que eu esqueci.

Outra diferença é que nas fases tem umas partes em que a câmera fica lenta e acontecem algumas explosões ou situações de extremo perigo das quais você sempre escapa por um fio, como costuma acontecer nos filmes e, acredito, não deve acontecer nas guerras.

São situações tensas, ou melhor, como é o estilo de jornalista descolado, bem seguido no site do motim, são situações “pra lá de tensas”. Aliás, uma outra técnica muito recomendada se você quer que as pessoas vejam que você é um profissional, é escrever com elegância, não repetindo a mesma palavra em um curto espaço de tempo. Na segunda vez, você a substitui por um sinônimo que jamais usaria em uma conversa. Por exemplo, se escreveu a palavra filme e logo depois quer se referir a filme de novo, não use filme tão cedo, use algo como “película”. Sempre busque sinônimos que ninguém usa no dia a dia, mesmo que não seja para evitar repetição, por exemplo, ao se referir a um grupo de pessoas, como uma banda, use “trupe”. Deste modo todos vão notar como você é capaz de escrever como se deve. Seu texto, ao ser lido em voz alta, não pode passar nenhuma sensação de espontaneidade. Tem que ficar claro que alguém o fez no jeito profissional de escrever sobre entretenimento.

Se o leitor estiver se divertindo muito com o texto, há algo errado. Você está falando sério, então, via de regra, não pode deixar o leitor rir. Ora, seu texto é um artigo de respeito, não pode ser motivo de riso. Excepcionalmente, você separa seções específicas nele para incluir uma ou outra piada, deixando muito claro quando a brincadeira começa e quando termina. É preciso que haja nitidez nisso, pois seu leitor não pode ficar se perguntando se você fala sério ou não e não vai querer captar um sentido nas entrelinhas de uma frase irônica. Lembre-se, se você não anunciar suas piadas antes, o leitor ficará confuso, e leitor confuso é leitor infeliz. Ele tem que ter a ilusão de que o texto está “acrescentando" algo.

Outra dica muito importante: eduque-se de acordo com o senso comum. O senso comum é um piscinão de valores compartilhados pela maioria. Não é uniforme no mundo inteiro, mas no Brasil tem uma cara bem definida, sendo fácil apontar os critérios aceitáveis de certo e errado que você pode adotar sem medo de ser processado. Por exemplo, veja como isso soa familiar “É importante respeitar as pessoas, não falando mal de seus gostos, interesses e religião”. Outro exemplo “Precisamos ter uma mente aberta para o pluralismo e para a diversidade.”, ou “Há assuntos com os quais não se brinca; antes de fazer piada, certifique-se de que o tema não é delicado”.

Liberdade de expressão é um privilégio, não um direito, então você deve exercê-la com responsabilidade. Imagine que as palavras que você fala ou escreve são facas. Então, se você tiver que apontá-las para as pessoas, que seja com a parte do cabo e cautelosamente. Você esfaquearia alguém? Gostaria que seus filhos fossem esfaqueados? Então seja respeitoso.

São regras de conduta sensatas não são? Então, ao escrever, tome tudo como verdade sabida por todos e apresente suas conclusões e críticas de acordo. Não venha com propostas diferentes de valoração das coisas, pois a cultura brasileira não precisa disso.

Então, voltando ao jogo, eu me pergunto se os Call of Duty anteriores também tinham esse tipo de coisa, esse tal de modo campanha. Meu dedo deve ter escorregado no analógico e partido para esta opção desconhecida. Depois disto, eu decidi parar de comer salgadinho enquanto jogo video game, pois prejudica bastante a precisão.

De todo modo, este review não é sobre o modo campanha. Eu o descobri há muito tempo e até hoje não terminei, pois sempre que vou jogar vou logo ao multiplayer. Então, eu ainda não sei o que acontece com o Mason no final. Eu apenas vou terminar um Call of Duty quando os russos do jogo forem dublados pelo FPSRUSSIA:



Aqui o Dimitri mostra um pouco de vulnerabilidade:


Este também não é um review sobre o multiplayer. Aliás, eu acho muito engraçados estes sites de resenhas de video games. Não há coisa mais supérflua que uma crítica de joguinho.

Ah, mas então você vai dizer “Você não pode dizer que resenhar videogames é inútil, pois muitas pessoas gostam deles e se interessam pelo assunto.”. Sim, mas este não é ponto. Hoje, tudo que você precisa saber sobre qualquer jogo está em algum vídeo de 5 minutos no youtube. Ali você pode ver se gênero, tema e gameplay lhe interessam. Mas cuidado, evite os vídeos que escondem o gameplay e só mostram cutscenes, como se fossem trailer de filme. Estas montagens são feitas para enganar e tem sido cada vez mais usadas, pois o gamer next gen é vulnerável a edição rápida, câmeras lentas, e música épica genérica que cresce e cessa de repente quando aparece na tela a data de lançamento do jogo. Este é o tipo de apresentação que podemos chamar de “Video Kojima”.

Você tem que ver o vídeo gravado durante o jogo mesmo, pois, embora não pareça, o jogo em si é a parte que mais importa. O enredo é completamente secundário. Sério, quem quer saber da história num jogo de pôquer ou de futebol? Jogo que é jogo atrai pelo sistema, regras, desafio e competição. A história é só um pretexto para a ação. No Black Ops tem uma história lá, mas quem se importa? A melhor história de um videogame tem a mesma qualidade da de filmes pipoca medíocres, de gibis e de animes cheios de clichês, então só tendo um mau gosto tremendo para se deixar levar.

O vídeo do youtube dá uma boa ideia também dos controles. Hoje os jogos são todos feitos uns em cima dos outros, então só de olhar você já sente o drama. Não há surpresa na indústria dos games. Por exemplo, esse LA Noire que saiu aí, só de ver dez segundos no youtube já sei como é, já consigo me imaginar jogando. Olha, estou jogando LA Noire, a sensação é a mesma do GTA IV e do Red Dead Redemption.

Tem a questão do video game se tratar de uma diversão típica de crianças, então a comunidade de jovens e adultos que se reúne para tratar do assunto, muitas vezes busca um meio de convencer a si mesma de que não há nada errado em ficar preso a uma coisa infantil. Alguns chegam a afirmar que video games são uma forma de arte. Porque, óbvio, o sujeito não passa horas sentado na frente do console para se divertir como uma criança, ele está é apreciando uma forma de arte.

Tem gente que, quando gosta muito de alguma coisa, mesmo que porcaria, sente muita vontade de elogiar, e fica puto quando alguém critica. Aí qualquer bomba é arte e qualquer profissional razoavelmente competente é gênio.

Mas não, esses joguinhos não são arte. Nada que é produzido em massa, de acordo com leis de mercado e determinado pelo gosto potencial de consumidores pode ser chamado de arte. Quando a principal razão de existência de uma obra não é ela mesma, mas sim lucrar e mover uma indústria, não se trata de arte. Evidente que uma obra artística pode ser comercializada, mas em sua criação, nada pode ficar entre o autor e o resultado. Devem ser livres sua expressão e vontade, limitadas apenas pela técnicas da modalidade artística. Estes jogos encomendados para atender às massas, cedendo a clichês e formulas conhecidamente rentáveis não tem nada de artísticos. Agora só falta falarem que letra de música é literatura.

Tem uma outra cartada ainda, aquela do “pesquisas mostram que videogames ajudam a desenvolver partes do cérebro e blá, blá, blá.”. Deve ter sido alguma pesquisa do instituto Wishful Thinking. Toda atividade repetitiva é treinamento para alguma coisa. Por exemplo, se você senta com as costas encurvadas por muito tempo, você vai acabar dominando essa postura como ninguém. É verdade que no videogame você exercita coordenação e reflexos, além de um mínimo de inteligência para resolver uns probleminhas, mas são coisas que seriam muito mais bem treinadas pela prática de esportes ou leitura de livros. Videogames tomam um tempo desgraçado e tem um alto custo de oportunidade, pois é grande o número de coisas melhores que você deixa de fazer quando está jogando.

Não sei qual o problema em admitir que se joga videogame apenas para fugir da realidade. Apenas porque o estado de espírito depois de jogar é um pouco melhor que aquele anterior. Só diversão. Só alegria, como diria um pagodeiro.

E no caso do Black Ops, há muita diversão no multiplayer. O bicho pega, todo mundo fica escondido por horas para matar facilmente aqueles que saem pro jogo. Todos usam apenas a Famas com red dot, steady aim e ghost perk, para não aparecer no mapa quando liberam um spy plane. O perk second chance é muito comum também, pois permite ao jogador não morrer mesmo que tenha levado vários tiros. Esse é o estilo camper.

Todos instalando minas, escondidos em lugares estratégicos, como janelas, sacadas, atrás de caixas e barris feitos exatamente para isto. É como se os programadores tivessem cedido ao gosto da maior parcela do público, que são campers. Por meio de uma ginástica mental, estas pessoas dizem para si mesmas que estão jogando.

Por hoje é só. Leiam sempre o site do motim, são jovens que escrevem muito profissionalmente sobre arte e entretenimento. Também peço que vejam todos os videos do FPSRussia no Youtube. Ele disse que ganha dinheiro a cada acesso, mas não por celular, apenas pelo computador. Para ilustrar, ele deu um tiro no celular usando um rifle sniper de dentro de um carro.

Fiquem com um vídeo para ajudar vocês a pensarem profundamente sobre qualquer assunto, ou a ficarem intrigados com o universo: